Perdão, ano novo que me chega à porta
Não me entenda mal. Não, eu não te desprezo
Mas antes de te festejar a chegada
Desejo ao que acaba: feliz ano velho!

Feliz os meus tempos contigo passados,
A minha rotina, meus dias comuns
Do trabalho à casa, da casa ao trabalho
Com muitos projetos, sem tempo nenhum

Eu sei, queres ir, meu amado velhinho,
Mas guardas contigo um pedaço de mim
E é tanto de mim que carregas contigo
Que hoje já sinto saudades de ti.

Em ti estão as horas na praça do bairro,
Os dias tão quentes! Os dias tão frios!
As lives assistidas, com os meus comentários,
Que me consolaram nos meus desafios

Minhas horas soltas em um tempo escasso
Meus pequenos nadas que falam de mim
As minhas conquistas, meus tristes fracassos
E os muitos encantos do meu existir.

Em ti permanecem ainda vivos, guardados,
O amigo, o amado que a morte levou
A saúde perdida, o sonho adiado
E a luz da esperança que me confortou

A mesa informal, o almoço em família
A pia esquecida com a louça a lavar...
As tolas conversas que fazem da vida
O mais belo canto que tenho a cantar

Feliz ano novo! Feliz ano velho!
Caminhos diversos de um mesmo viver
Que fazem da vida um mar de mistérios
Que, como um milagre, nos levam a crescer.