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Saga das Almas
EU ME PERDOO

I
Eu me perdoo o amor
Que pensei não merecer
E o olhar de puro fulgor
Que escondia ao te ver
Eu me perdoo a alegria
Que nunca usufruí
O riso solto que um dia
Afoguei dentro de mim
Eu me perdoo a Ira
E a vingança cruel
Com que amarguei tua vida
Com descaminhos de fel
Eu me perdoo o mal
Que desejei ao irmão
E o pecado real
Que não merece o perdão
Eu me perdoo os meus sonhos
Abandonados ao vento
Mas que minh’alma sufocam
Mal esquecidos no tempo
Eu me perdoo a descrença
Que nunca me consolou,
Meus dias de só cegueira
De mágoa, medo, rancor
II
Porque nos meus dias mortos
Em só arrependimento
O Sol sorriu-me aos olhos
Em convite ao recomeço
Porque nas noites de culpa
Em que minha alma tremia
O claro da cheia Lua
Meu quarto escuro invadia
E ao pé do lindo arbusto
Em que chorei com pesar
Sorvi o ar mais que puro
Que veio me consolar
Onde a flor bela do campo,
Humilde, a mim se abriu
Me perfumou seu encanto
Não me cobrou, só sorriu.
Se a natureza em doçura
Que planta a vida tão simples
Mostrou-me que a alma escura
Brilha também, sem limites
E o Universo que pulsa,
Tão pleno, me perdoou,
Quem sou p’ra cultivar culpa
Se tudo em Tudo é Amor?
Por isso eu, hoje, me acolho
Me recomponho, enfim
Hoje eu me ergo em consolo
P’ra um recomeço sem fim
(Samia Awada)


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Palavras-chave:
poesia autoperdão
