Bem-aventurados aqueles que choram,
Transbordando aos olhos as dores da vida,
As dores dos sonhos desfeitos e imploram
Um sopro, um alívio às suas feridas

Suplicam o pão que se ausenta da mesa
Suplicam saúde ao amor que agoniza
O alento ao lar que se entrega à tristeza
O amparo do céu às misérias da vida

Benditos os que choram sem se revoltar,
Os que, ao invés da fuga, escolhem ficar,
Ao invés da descrença, escolhem orar
Ao invés da amargura, escolhem amar

São anjos caídos, hoje arrependidos,
Colhendo as dores plantadas no ontem
Cultivando, hoje, o amor aprendido
Que será colhido em outros horizontes

Pois só os que choram o arrependimento,
E em cada lágrima colhem a lição
Descobrem em meio à dor, o alento,
O alívio, a esperança, a consolação.