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A RENEGADA

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PARTE I

P’ra depois da amarga angústia e do medo
Muito além da vil maldade e da ambição
Há outro mundo, o meu Mundo tão pequeno
De ventura, de coragem, compaixão

No meu Mundo o tempo passa lentamente
Dando tempo para a vida acontecer
Cada instante permanece eternamente
Paciente... para nada se perder

Nele, os deuses descem o Monte imponente
E dançam leves de mãos dadas com os mortais
Não se ora, eles já estão presentes!
Não se implora, pois o que se quer, se faz

No meu Mundo o sol brilha tão suave
Que a lua sempre vem lhe namorar
Nele, a chuva cai de volta aos mansos mares
Preparando sua hora de voltar

No meu Mundo não nos serve a esperança
Nem saudade, ou desejo de encontrar
Já que nele não existe a distância
Todos vivem com os que amam, tudo está.

No meu Mundo onde o campo doura o trigo
Onde o Amor faz a Paixão se eternizar
Nesse Mundo que humilha o Paraíso
Nesse Mundo, eu não mereci entrar.

PARTE II

Eu te sinto, eu te quero, e não consigo
Te deter, nem te poder, nem pertencer
Oh, meu Mundo, tal saudade de ti sinto!
Que Esperança desencanta de viver.

Trago n’alma vermes, vícios que te ofendem
Oh, meu Mundo, não ousei te macular
Fui-me logo ao buscar de outra gente
Outros montes, outros sóis fui procurar

Procurando, me perdi, e Renegada
Sob o manto da vergonha me escondi
E ocultando nesse manto a infesta chaga
Mergulhei em outra Terra e me esqueci

N’outra Terra onde grassa astúcia e medo
E rasteja o fanático e o descrente
Mas que amansa os vis párias em degredo
Com o fogo e com a dor que range os dentes

Nessa Terra há saudade. O tempo é curto
Sem dar tempo para nada acontecer
Alegrias se esvaem em segundos,
Logo todos se acostumam a sofrer

Nessa Terra, o louco sol acende e torra
Que até a lua, assustada, nunca o vê
Onde a chuva, fria, cai, alaga, afoga
E tudo seca, quando escolhe se esconder

Nessa Terra os lares tombam maculados:
Vícios, dores, desespero, traição
Nela, os deuses lá do Monte restam mortos
E outros deuses se impõem à multidão

Triste solo, onde os campos geram fome
Tristes homens, não percebem o que não têm
Diferente do meu Mundo lá tão longe
Nessa Terra, Paraíso é de ninguém

Nesse chão o sofrimento é poesia
E o Amor matar o amado é natural
Nesse orbe há tanta dor na alegria
Que entristeço na alegria que faz mal

PARTE III

Quando o desespero me trespassa o peito
E, em lágrima, recorro à oração
Nessas horas eu percebo doce beijo
Acalmar-me, consolando o coração

E uma Era lentamente se passou
E a dor moldou-me a alma em mansidão
Perfumou-me a antiga chaga, e já sem dor
Despertou a renegada da ilusão

E, ao longe, do meu tão pequeno Mundo
Desce um canto... reconheço esse cantar!
São meus deuses, sim, são eles que me buscam!
“Volta, filha - dizem os deuses - ao seu lar!”

“Quando o peito se rasgou em desespero
E, chorosa, recorreste à oração
Nessas horas te lançamos doces beijos
Dizem os deuses – p’ra acalmar-te o coração”

E o manto da vergonha então se ergueu
E esta antes pária, agora redimida
Ergueu voo ao seu mundo, à sua vida
Foi dançar junto aos deuses que escolheu

No meu Mundo onde o campo doura o trigo
Onde o Amor faz a Paixão eternizar
Nesse mundo que humilha o Paraíso
Nesse mundo, hoje eu consegui entrar.

 

(Samia Awada)

 

Licença de uso Pixabay, de compartilhamento e uso de imagens. 

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Palavras-chave:

reencarnação, exilados

Criado em Agosto de 2020

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