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Saga das Almas
A CHUVA

O chão árido que a chuva abandonou
Sente o peso do cansado sofredor
Que, em joelhos, solta corpo e alma em dor
E ergue os olhos, busca a nuvem que secou
Sob o astro que incendeia seu lugar
Lembra a fé qual derradeira opção
Mas a fome o impede de rezar
Ou talvez sua fé secasse com seu chão
Olha ao longe o fugir das poucas vidas
Que abandonam o Sertão que o sol matou
Lembra o rio, as flores perfumando a brisa
E pranteia, em saudade, a sua dor
Ergue o corpo, cambaleia, volta à casa
Onde a Vida inda se esconde p’ra viver
E cedendo a alma à sina que não passa
Cede o corpo ao leito, tenta adormecer
Mas na alta madrugada, ouve, enfim
Chuva plena que o sedento chão banhou
Corre, sente as águas frias e sorri
Em seu sonho, de onde nunca mais voltou.
(Samia Awada)


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Palavras-chave:
seca, sertão