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Saga das Almas
LIBERTAÇÃO

E eis que tu seguias sem deles recordar
Guiado por desejo de só te iluminar
Buscando, incansável, o mundo que sonhaste
Seguindo sempre e sempre, mas sem nunca chegar
Pois asas que criaste não quiseram voar
E a luz que cultivaste, não viste clarear,
Teu rumo esvaneceu-se qual ínfima miragem
E te viste perdido, sem mais continuar
E a Vida te devolve à gruta da desdita
Ao chão que te obriga à tua companhia
Onde te aguardam vícios que outrora camuflaste
Na esquecida gruta de tua alma ferida
De onde te chegam vozes de triste agonia:
Teus vícios, reconheces: tuas esquecidas crias
Sussurram o teu nome com tal intimidade
Que te parecem vozes por ti mal proferidas
Tu anseias nova fuga, o mais distante alento
A asa, a luz, os anjos, o contemplar sereno
Longe de todos eles: os vícios que criastes
Que te clamam: liberta! A luz também queremos!
Te esperavam, fora, a luz que não clareia
Os passos, a jornada, o fim que nunca chega
A asa que não voa, que não te alça aos ares
E, dentro, a escura gruta, sozinha, verdadeira
Deixaste asa ao chão, e entraste gruta a dentro
Na escuridão buscaste a ti em sofrimento
Tua alma encharcada dos vícios que negaste
E te encontraste ao fundo, te suplicando alento
E a luz que não clareia, enfim, te iluminou
Te olhaste na candura de quem te perdoou
Te recolheste ao colo que há muito ansiaste
E voltaste à jornada aonde, enfim, voaste.
(Samia Awada)


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Palavras-chave:
poesia sobre espiritualidade. auto conhecimento. libertação